Entenda por que falhas globais como as quedas da AWS, Azure e Cloudflare acontecem e como a arquitetura distribuída da HostDime evita pontos únicos de falha e garante alta disponibilidade.
Nos últimos meses o mundo viu na prática o que significa ter parte da internet apoiada em poucos provedores globais de nuvem. Uma grande falha na AWS em outubro, uma interrupção em escala mundial na Azure no mesmo mês, logo depois, um apagão na infraestrutura da Cloudflare em novembro afetaram redes sociais, bancos, companhias aéreas, governos, plataformas de IA, jogos e sistemas de todos os tipos.
A lição precisa ser aprendida. Não basta “estar na nuvem”, é essencial entender como essa nuvem foi desenhada, onde estão os pontos de falha e o quão depende a internet é de camadas centralizadas que, se caem, levam tudo junto com elas.
Encontre neste artigo um resumo sobre o que aconteceu com AWS, Azure e Cloudflare de maneira simples mas sem deixar de lado a profundidade técnica necessária para entender esse fenômeno.
Também fique por dentro de como a HostDime Brasil desenha sua infraestrutura com mais autonomia por data center para garantir mais flexibilidade e menos pontos únicos de falha.
Em 20 de outubro, a Amazon Web Services (AWS) sofreu uma grande falha na região US-EAST-1, no estado da Virgínia, uma das mais antigas e mais usadas do provedor.
Segundo informações da Reuters, mais de 500 empresas foram afetadas diretamente, incluindo a própria Amazon e sua assistente virtual Alexa. Entre os servidores afetados estavam grandes plataformas como o Facebook, Prime Video, Mercado Livre, iFood, PicPay, o jogo Fortnite e outros players globais. A falha também paralisou aplicativos e sites de produtividade corporativa, demonstrando o nível de dependência mundial atual de infraestruturas em nuvem.
O problema teve raíz em um subsistema de DNS interno (sistema responsável por traduzir nomes de domínio em endereços IP) do serviço de banco de dados DynamoDB nessa região. Falhas nesse processo impedem que aplicações acessem corretamente os servidores. Quando o DNS interno parou de responder corretamente, milhares de aplicações que dependiam do banco de dados da Amazon começaram a falhar em cascata.
A própria AWS reportou aumento de erros e latência e depois detalhou que a causa estava em falhas de resolução DNS na US-EAST-1. De acordo com análises públicas e dados do Downdetector, mais de 3.500 serviços em mais de 60 países foram afetados, com mais de 17 milhões de relatos de problemas de usuários.
Entre os serviços impactados estavam:
O que chama atenção é o padrão: a forte concentração de serviços críticos em uma única região (US-EAST-1) gera um cadeia de dependências em serviços gerenciados como DynamoDB e IAM. Quando o DNS interno dessa “peça central” falha, a indisponibilidade se espalha por toda essa pilha.
Em outras palavras, um ponto lógico único de falha dentro da região acabou afetando uma parte enorme da internet.
Após poucos dias do primeiro “apagão global” em 29 de outubro, foi a vez da Microsoft Azure enfrentar uma falha em âmbito mundial. O incidente durou cerca de oito horas, degradando ou derrubando serviços em várias regiões.
A Microsoft afirmou que uma alteração de configuração defeituosa em uma rede de distribuição de conteúdo chamada Azure Front Door (AFD), desencadeou a interrupção. Segundo a empresa, um número significativo de “nós” – como são conhecidos os Pontos de Presença do AFD – deixou de carregar corretamente, levando a aumento da latência, timeouts e erros de conexão para os serviços subsequentes.
Em resumo, os "nós" são os "saltos" na rede global da Microsoft que o Front Door usa para reduzir latência e acelerar aplicações. São Pontos de Presença (PoP) capazes de rotear o tráfego para o backend mais próximo e saudável.
Pontos técnicos relevantes:
Quem sentiu na pele:
Mais uma vez o problema apontou para o risco de contar com uma única camada global central, como o Front Door, usada por milhares de serviços, internos e de clientes. Uma mudança de configuração nessa camada central resultou em falha global, por falta de isolamento suficiente entre domínios e regiões de configuração.
Em 18 de novembro e, novamente, em 5 de dezembro, a Cloudflare, responsável por acelerar e proteger cerca de 20% dos sites do mundo, também sofreu uma falha em larga escala.
Sistemas de sites famosos como ChatGPT, X, Canva, Discord, Grindr, Spotify e Uber ficaram fora do ar.
Segundo a própria empresa e diversos veículos, a origem não foi um ataque hacker ou atividades maliciosas como se especulou no início, e sim uma mudança planejada para mitigar uma vulnerabilidade e desativar uma ferramenta interna por meio do sistema de configuração global.
O WAF da Cloudflare (aplicação web que atua como um escudo, filtrando e monitorando o tráfego HTTP/S entre a internet e um site ou aplicativo) precisa ler o corpo das requisições HTTP para inspecionar padrões, bloquear conteúdos maliciosos e aplicar regras de segurança. Para isso, cada solicitação tem seu corpo armazenado em buffer (espaço temporário na memória criado para segurar dados que ainda não foram totalmente processados) na memória.
Até então, esse buffer tinha limite de 128 KB. Por causa de uma vulnerabilidade considerada crítica, a Cloudflare iniciou um processo de aumentar esse limite para 1 MB.
A mudança estava sendo aplicada de forma gradual até que uma ferramenta interna usada para testar e validar regras do WAF começou a apresentar erros. Como era uma ferramenta não essencial para o tráfego de produção, a Cloudflare decidiu desativá-la temporariamente usando o sistema de configuração global.
A desativação da ferramenta gerou um estado de configuração inválido. Esse estado levou o módulo de regras do WAF a entrar em falha durante a execução.
Quando esse módulo deixa de carregar, o proxy simplesmente não consegue completar o processamento das requisições. Como resultado, a rede passou a retornar erros HTTP 500 para qualquer site atendido pelo proxy afetado.
Em resumo: uma alteração de configuração global gerou um comportamento inesperado no mecanismo que processa as regras de segurança do Web Application Firewall (WAF). O proxy não soube lidar com a ausência da função esperada, entrou em pane e derrubou tudo o que dependia dessa camada.
Serviços afetados:
Ponto técnico chave:
Analisando as três falhas, vemos um padrão claro: dependência de um componente lógico global ou de uma região crítica.
Configuração e controle centralizados também dificultam a continuidade de operações: pequenas mudanças em pipelines de configuração atingem milhares de clientes de uma vez, pois a mesma infraestrutura lógica é compartilhada por todos. IT Pro
Por consequência, quando um componente central falha (DNS interno, CDN global, camada de segurança inline), serviços que dependem direta ou indiretamente dele passam a falhar em cascata.
Os três incidentes reforçam uma mensagem importante: a questão não é “se falhas acontecem ou não”. A pergunta correta é:
Como a arquitetura foi desenhada para que uma falha fique contida em um escopo pequeno ao invés de derrubar o mundo inteiro junto?
É exatamente aqui que o modelo da HostDime Brasil se diferencia.
Na HostDime, nós também lidamos com riscos físicos, de rede e de software, como qualquer operador sério de data center. A diferença está em como distribuímos e isolamos esses riscos, e em como garantimos ao cliente liberdade para montar sua própria arquitetura em cima da nossa infraestrutura.
No Brasil, operamos dois data centers, em João Pessoa (PB) e São Paulo (SP), além de nossos outros data centers no México, Colômbia, Estados Unidos, Índia e Inglaterra.
Globalmente, a HostDime opera uma rede de data centers edge em vários países, sempre com foco em proximidade geográfica, baixa latência e independência local. Isso significa que:
Nossa rede é construída com roteadores de borda e núcleo redundantes, além de switches de acesso em HA com 200 Gbps de capacidade por rack. Esse desenho é explicitamente pensado para ser um network fabric sem ponto único de falha, com tráfego balanceado entre equipamentos redundantes.
Na prática, isso significa que:
Na HostDime, a oferta não se limita à “nuvem pública padrão”. Nós entregamos:
Com isso, o cliente pode:
Tudo isso sem depender de um controlador central de rede ou de uma camada obrigatória de CDN ou segurança compartilhada por todos os clientes.
Nos incidentes de Cloudflare e Azure, uma camada lógica central falhou e acabou levando junto serviços que não tinham qualquer problema local.
Na HostDime, o desenho é diferente: a camada de firewall não é um equipamento único e central por onde passa todo o tráfego de todos os clientes. Aqui, cada cliente pode ter firewalls dedicados ou soluções específicas, seja em appliances físicas em colocation ou em appliances virtuais dentro da nossa nuvem.
Esse modelo de operação garante que uma eventual falha de configuração em um firewall de um cliente não se espalhe automaticamente para toda a base e vice-versa. Essa filosofia vale também para outros componentes:
Outra diferença importante é a forma como oferecemos flexibilidade avançada de rede:
Na prática, isso permite cenários como:
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Aspecto técnico |
AWS (20/10/2025) |
Azure (29/10/2025) |
Cloudflare (18/11/2025) |
HostDime Brasil |
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Componente que falhou |
DNS interno para DynamoDB na região US-EAST-1 |
Configuração do Azure Front Door, CDN global |
Camada de mitigação de bots, com arquivo de configuração gerado automaticamente |
Rede multi-data center com roteadores e switches redundantes, sem controlador único global de rede ou segurança |
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Tipo de ponto único de falha |
Região crítica muito concentrada (US-EAST-1) e DNS interno compartilhado |
CDN global central, compartilhada por serviços Microsoft e clientes |
Camada de segurança inline compartilhada por grande parte do tráfego |
Evitamos elementos únicos globais, cada data center tem autonomia de rede e os clientes podem ter appliances dedicados por ambiente |
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Escopo do impacto |
Global, milhares de serviços e milhões de usuários |
Global, afetando Azure, Microsoft 365, Xbox e grandes empresas |
Global, afetando X, ChatGPT, Canva, órgãos públicos e outros |
Impacto tende a ser localizado em um ambiente específico, graças a isolamento entre clientes e entre data centers |
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Origem imediata |
Falha de subsistema de DNS interno para APIs de banco de dados |
Mudança de configuração inválida no Azure Front Door, com bug em mecanismos de proteção |
Arquivo de configuração usado para mitigar bots excedeu limites e acionou bug latente |
Arquitetura orientada a redundância e segmentação, com mudanças de configuração e de política aplicadas em escopos menores e mais controlados |
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Caminho de recuperação |
Mitigação do DNS, normalização gradual de serviços dependentes |
Congelamento de novas configurações AFD, rollback para última configuração válida |
Correção no serviço de bots, reativação progressiva dos serviços e dashboards |
Desenhos de HA e DR definidos por cliente, com possibilidade de manter serviços ativos em múltiplos data centers ao mesmo tempo |
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Opções nativas de arquitetura do cliente |
Forte incentivo a concentrar tudo em algumas regiões e serviços gerenciados centrais |
Forte uso de serviços globais como AFD e componentes compartilhados |
Tráfego passa por camada de segurança global da Cloudflare |
Cliente pode combinar colocation, bare metal, nuvem e serviços de rede, incluindo uso de IP próprio, anycast e replicação entre data centers |
Se formos traduzir tudo isso em termos bem simples para decisão no cenário de business:
Em resumo:
Nosso foco é conter falhas, não ampliá-las.
Enquanto a concentração em poucos provedores globais com planos de controle muito centralizados vem mostrando seu risco, a HostDime Brasil acredita em um modelo de infraestrutura mais distribuído, flexível e sob medida capaz de colocar negócio em uma posição muito mais segura frente a eventos desse tipo.
Atualização: uma nova falha na Cloudflare foi registrada na última sexta-feira (5).
A pane foi causado pelo mesmo motivo do último caso: alterações internas feitas durante uma tentativa de mitigar uma vulnerabilidade. Segundo a declaração da empresa no X, a instabilidade durou 25 minutos e afetou cerca de 28% do tráfego global HTTP.
A repetição de falhas em players como a Cloudflare escancara a vulnerabilidade estrutural da centralização da internet.